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  • Foto do escritorVera Weissheimer

Mãe, todo mundo morre?

(Vera Weissheimer)

“E onde o espaço termina se chama morte ou infinito?”

O que significa persistir chegado ao beco da morte?

Quando já se foram os ossos quem vive no pó final?

Pablo Neruda

De onde? Por quê? Para onde? Quem nunca fez essas perguntas? É, diante de uma morte ou de uma doença capaz de nos tirar do nosso mundo presumivelmente seguro que nos perguntamos silenciosamente. Porque ficamos tão constrangidos diante da pergunta de uma criança? Não seria mais inteligente assumir que também temos medos e dúvidas? Mas assegurar que podemos conversar ‘muito’ sobre o assunto. Assim, nossas perguntas são também as perguntas poetizadas por Pablo Neruda, em seu Livro das Perguntas.


Contudo, é notável como as crianças lidam com o assunto. O seguinte diálogo, entre um menino e sua mãe na saída de uma estação de metrô, mostra como os adultos têm horror ao assunto em detrimento da leveza com que a criança. Pena mesmo é que essa leveza, esse contato criança-transcendente, se perca quando nos tornamos gente grande.

– Mãe, todo mundo morre?

– É claro que não meu filho!

– Mas mãe, e quando a gente fica doente?

– Pare de falar bobagens. Quem fica doente não morre.

– Quando eu ficar velho vou morrer?

– Você está fazendo perguntas demais...

– Eu acho, mãe, que a gente nasce, é bebê, cresce um pouco, vira criança, depois cresce mais um pouco e vira gente grande, depois fica enrugado e vira gente velha e aí quem ainda não morreu acaba morrendo.

– Tá bom! Tá bom! Mas a morte acontece o tempo todo e a gente ainda não aprendeu a lidar com ela.

Ao ouvir a primeira pergunta, fui reduzindo meu passo para escutar o que estava por vir. A mãe visivelmente (audivelmente) não estava sabendo lidar com o assunto e o menino maravilhosamente acabou por encontrar respostas para si.


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