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  • Foto do escritorVera Weissheimer

Luto não é doença, é tempo de recuperação

O luto é de fases, é processo, é trabalho, é inferno, é presença, é ausência, é um tempo pelo qual precisamos passar para poder seguir com a vida. Quanto mais assumimos o luto em seu tempo, mais inteiros conseguimos sair dele. Luto que se complica é aquele quando temos certeza de que estamos dando conta, ao mesmo tempo em que vamos negando nosso estraçalhamento interno. Seguir a vida como se nada nos faltasse, como se a dor não existisse é sinal que algo não vai bem conosco.


A dor que se sente não é física, mas faz doer o corpo todo, é uma dor que não é mental, mas é de endoidecer. Não se preocupe se pensar que está enlouquecendo é parte do processo.

No luto experimentamos dores que nem sabíamos existir. O luto não é uma doença, mas pode trazer doenças quando não trabalhado. Trabalho? Sim. definitivamente passar pelo luto dá trabalho, já sentenciava Sigmund Freud. É preciso chorar o luto, sentir o luto. Só assim é possível continuar vivendo sem ficar-doente-de-luto.


Quanto mais escamoteamos, negamos e anestesiamos nossa dor, nossa saudade, nossa revolta, nossa indignação com a vida, com o mundo, com a humanidade, mais tempo levaremos para conseguir seguir com a vida. Por isso, vomitar toda dor é importante. Entramos em luto quando experimentamos perdas significativas. Entramos em luto porque amamos.Assumir que há uma falta, encarar que estamos sofrendo, procurar ajuda, falar sobre a dor é um começo de uma jornada em que muitas vezes precisamos de ajuda profissional, ouvidos que nos ouçam.


Se não matamos a morte, mas pelejamos pela vida:


"Numa peleia das braba

Topei co' a Morte de cara

A matungona parada

De olho na minha alma

Eu le pedi: Sai da frente

Ou te levanto na espada

Eu sei que a morte eu não mato

Mas deixo toda lanhada "


Essa peleia, como canta Vitor Ramil, é das boas! Não é só por estar vivo, mas fazer valer o dia, cada instante, cada sopro de vida. É gratidão por ter as pessoas ao nosso lado, porque, num instante tudo pode mudar. E, um dia, descobrimos que sobrevivemos e que somos, de fato, capazes de seguir e de experimentar novas alegrias.A saudade estará lá, mas já estará doendo tanto assim.


Desejo a você um caminho de volta à sua vida, sabendo que ela nunca mais será como antes: será diferente e também será boa.

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